No Litoral

No litoral dos mundos sem fim as crianças reúnem-se.
     O céu infinito imobiliza-se e a água inquieta é ruidosa. No litoral
dos mundos sem fim, as crianças reúnem-se com gritos e danças.
     Com areia constroem as suas casas e brincam com conchas vazias. Com folhas
murchas tecem seus barcos e fazem-nos boiar sorrindo no vasto fundo.
As crianças brincam no litoral do mar dos mundos.
     Não sabem nadar, não sabem lançar redes. Os pescadores de pérolas mergulham
em busca de pérolas, os mercadores navegam em seus navios, 
enquanto as crianças juntam pedras que de novo espalham. 
Não procuram tesouros escondidos, não sabem como lançar redes.
     O mar agita-se de tanto rir e pálido brilha o sorriso da margem do mar.
Para as crianças, as ondas mortíferas cantam baladas sem sentido
como a mãe que balança o berço do bébé. O mar brinca com as crianças,
e pálido brilha o sorriso da margem do mar.
     No litoral dos mundos sem fim, as crianças reúnem-se. A tempestade vagueia
no céu sem caminhos, os navios naufragam na água sem trilhas,
a morte está longe e as crianças brincam. No litoral
dos mundos sem fim é a grande reunião das crianças.    





Rabindranath Tagore - 215 poems
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com 
The World's Poetry Archive, 2012.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa   

Outros poemas

A Deusa de Pedra

A Mãe de Deus

Shiva

Noite junto ao mar

Deus

A Dança Cósmica

Nirvana

Noiva do Fogo

Os Ditadores de Ferro

A Encarnação Universal