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Ó carta entediante e fria

Ó carta entediante e fria, com pode ela ler Com prazer estas linhas sem vida, sem fogo que prove, Quando outros em seus inflamados corações se excedem Acariciando o seu doce nome com palavras de amor? Ó eu, que poderia forçar essa barreira, transformar O meu coração em sílabas, fazer de todo o desejo Uma palavra ardente e a minhas cartas aspirariam Com algum reflexo a esse fogo oculto. Ah, se eu pudesse, o que seria então? Este poço ardente Não foi destinado a habitar dentro de olhos humanos. Todos os corações veriam com horror ou ódio Uma figura sem perfil terrestre. Até mesmo tu, doce, voltarias a sentir terror Como no silvo de uma súbita serpente. Sonnets ,  Early Period, Colected Poems , 1ª edition 1972 Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5 © Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry Sri Aurobindo Ashram Publication Department Versão adaptada a verso livre © Luísa Vinuesa