Noite junto ao mar
Amor, deixa cair as mãos por um momento; Expande-se a noite dentro de minha alma. Vela as tuas justas e belas rosas cor de leite Nesse cabelo escuro e molhado. Beijos de coral não são violentos Quando a alma tem a cor do pensamento; Ardentes olhos proibidos são então. Deixa cada pálpebra timidamente aberta Flutuar como uma pomba que pousa Sobre esses poços profundos do Amor. A escuridão ilumina; prateadas fogem Levadas pelo mar bombas de espuma. No abrupto repouso deste jardim Iluminado por ardentes rosas, Dourado campo de doces narcisos Cintilando fraco em rosáceas lâmpadas, Incenso de madressilva adivinhado Pela fragrância do seu peito, - Aqui onde as mãos do verão coroaram O silêncio nos campos do som, Aqui deveria estar a felicidade. Escuta, Edite, até ao mar. Que voz de grande dor se intromete Entre estas felizes solidões! Ao vento em que habitas, O oceano, historiador antigo, narra Todo o coração terrível de lágrimas...