Sozinha à Noite
QUANDO saio sozinha à noite para o meu encontro amoroso, os pássaros não cantam, o vento não se agita, as casas dos dois lados da rua permanecem em silêncio. São as minhas pulseiras para os tornozelos que se ouvem alto a cada passo e sinto vergonha. Quando me sento na minha varanda e ouço os seus passos, as folhas não sussurram nas árvores, e a água aquieta-se no rio como a espada nos joelhos de uma sentinela adormecida. É o meu próprio coração que bate loucamente -- não sei como acalmá-lo. Quando o meu amor vem e se senta ao meu lado, quando o meu corpo treme e as minhas pálpebras caem, a noite escurece, o vento apaga a lanterna e as nuvens desenham véus sobre as estrelas. É a jóia no meu próprio peito que brilha e ilumina. Não sei como escondê-la. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series - PoemHunter.Com The World's Poetry Archive, 2012. Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa