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Onde a Mente é Sem Medo

Onde a mente é sem medo e a cabeça alto se ergue Onde o conhecimento é livre Onde o mundo não foi dividido em fragmentos Por estreitos muros domésticos Onde as palavras saem da fundura da verdade Onde o esforço incansável estende os braços para  a perfeição Onde o fluxo claro da razão não se perdeu Na triste areia do deserto do hábito morto Onde a mente é levada adiante por ti Em pensamentos e acções cada vez maiores Nesse céu de liberdade, meu Pai, deixa  o meu país acordar.     Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa    

Ela

Ela que já havia permanecido nas profundezas do meu ser, no crepúsculo do brilho de olhares fugitivos; ela que nunca abriu os seus véus na luz da manhã, será a última oferenda para ti, meu Deus, repetida no canto final. Palavras cortejaram-na mas não conseguiram conquistá-la; a persuasão estendeu-lhe os seus ávidos braços em vão. Vaguei de país em país, mantendo-a no centro do meu coração, à sua volta cresceu e caiu a ascensão e o ocaso da minha vida. Sobre os meus pensamentos e acções, os meus sonos e sonhos, ela reinou mas morava à parte e sozinha. Muitos homens bateram à minha porta inquirindo por ela e  em desespero  partiram. Ninguém no mundo jamais a viu cara a cara, ao desejar ser lembrada sobreviveu em sua solidão. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa 

Passos Silenciosos

Não ouviste os seus passos silenciosos? Ele vem, vem, vem  sempre . Em todo o momento e toda a idade, todo o dia e toda a noite ele vem, vem, vem  sempre . Muitas das canções cantei com grande humor, mas todas as suas notas sempre proclamaram, "Ele vem, vem, vem  sempre ." Nos fragrantes dias do sol de Abril pelo caminho da floresta, ele vem, vem, vem  sempre . Na escuridão chuvosa das noites de Julho na carruagem trovejante de nuvens ele vem, vem, vem  sempre . De tristeza em tristeza, os seus passos pressionam o meu coração, e é o toque de ouro dos seus pés que faz brilhar a minha alegria. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series  -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa

Onde a Sombra persegue a Luz

Esta é a minha delícia  assim esperar e assistir à beira da estrada onde a sombra persegue a luz e a chuva vem com o despertar do verão. Mensageiros, com notícias de céus desconhecidos, saúdam-me e correm pela estrada. O meu coração está feliz por dentro, e é doce a respiração da brisa que passa. Da alba ao anoitecer, sento-me diante da minha porta, e de súbito sei que o momento feliz chegará quando eu souber. Entretanto sorrio e canto sozinho. Entretanto o ar enche-se do perfume da promessa. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series  -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa 

Fluxo de Vida

O mesmo fluxo de vida que percorre noite e dia as minhas veias percorre o mundo e dança medindo os ritmos. É a mesma vida que corre em alegria através do pó da terra em inúmeras lâminas de erva e rompe em agitadas ondas de flores e folhas. É a mesma vida embalada no berço do oceano do nascimento e da morte, em fluxo e refluxo. Sinto que os meus membros são glorificados  pelo toque  deste mundo de vida. O meu orgulho vem do pulsar de eras que dançam  no meu  sangue e ste momento. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series  -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa 

Sentidos

Libertação não é para mim renúncia. Sinto o abraço da liberdade em mil laços de prazer. Em mim derramaste o sabor fresco do teu vinho de várias cores e fragrância, enchendo este vaso de barro até a borda.  O  meu mundo  acenderá cem lâmpadas com a tua chama colocando-as diante do altar do teu templo. Não, nunca fecharei as portas dos meus sentidos. As delícias da visão, audição e tacto suportarão o teu prazer. Sim, as minhas ilusões arderão iluminando a alegria, e todos os meus desejos em frutos  de amor  amadurecem. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa 

Limiar

Não estava consciente do momento quando primeiro cruzei o limiar da vida. Que poder me despertou para este vasto mistério como um rebento na floresta à meia-noite! Quando de manhã vi a luz Senti cedo que não era um estranho neste mundo, que o inescrutável sem nome e sem forma me abraçara sob a forma da minha própria mãe. Na morte, o mesmo desconhecido aparecerá como sempre me foi conhecido. E porque amo esta vida, sei que a morte amarei também. A criança chora em convulsão quando a mãe lhe retira o seio direito, mas logo no esquerdo encontra o seu consolo. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series  -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa

O Juiz

Diga dele o que quiser, conheço as falhas do meu filho.       Não o amo porque ele é bom, mas porque ele é o meu pequeno filho.       Como deve saber o quão querido ele pode ser quando tenta pesar os seus méritos contra os seus defeitos?       Quando devo puni-lo, ele torna-se tanto mais uma parte do meu ser.       Quando provoco as suas lágrimas, o meu coração chora com ele.       Só eu tenho o direito de culpar e punir, pois só pode castigar quem ama. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series  -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa 

Canção Silenciosa

A canção que até hoje cantei permanece silenciosa. Gastei os dias a esticar e afrouxar cordas no meu instrumento. O tempo não se tornou real, as palavras não foram acertadas; No meu coração só existe a agonia do desejo. A flor não se abriu; há apenas o vento que suspira. O seu rosto não vi, nem a sua voz ouvi senão os  os seus passos gentis na estrada frente à casa.    Passou o dia a moldar o seu lugar no chão; a lâmpada não estava acesa, não posso convidá-lo para casa. Vivo na esperança de o encontrar; mas não  ainda agora. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa      

Simpatia

Se fosse apenas um cãozinho, não o teu bébé, mãe querida, dir-me-ias "Não" se tentasse comer do teu prato?      Expulsar-me -ias, dizendo: "Afasta-te, seu desobediente cãozinho?"      Então vai, mãe, vai! Não responderei quando me chamares, não permitirei mais que me alimentes.      Se fosse apenas um pequeno papagaio verde, e não o teu bébé,  mãe querida, manter-me-ias acorrentado para não voar?      Abanando o dedo, dirias: "Que desgraçado  pássaro ingrato!  Está a roer a sua corrente dia e noite?"      Então vai, mãe, vai! Fugirei para a floresta; jamais permitirei que me tomes  em teus braços . Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa