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Quem é Este

Saí sem companhia a caminho do meu encontro. Mas quem é este que me segue na silenciosa escuridão? Afasto-me para evitar a sua presença mas não lhe escapo. Levanta a poeira da terra com a sua jactância; adiciona a sua alta voz a cada palavra que digo. É o meu pequeno eu, o meu senhor, não conhece a vergonha; mas sinto vergonha de te visitar em sua companhia. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa      

Autoria

Dizes que o pai escreve muitos livros, mas não entendo o que   ele escreve.    Esteve a ler para ti ao longo da noite, mas compreendes realmente o quer dizer?      Que belas histórias, mãe, podes contar-nos! Porque é que o pai não pode escrever assim, pergunto?      Nunca terá ouvido da sua mãe histórias de gigantes e fadas e princesas?      Terá esquecido todas?      Muitas vezes, quando se atrasa para o banho, tens cem vezes de o chamar.      Esperas e conservas os seus pratos quentes, mas ele continua a escrever e a esquecer.     O pai brinca sempre a fazer livros. Se alguma vez vou brincar para o seu quarto, vens e chamas-me,      "Que criança atrevida!"      Se fizer o menor ruído, dizes: "Não vês que o pai está a trabalhar?"      Qual a graça de...

Quando o Dia acabar

Se o dia acabar, se os pássaros deixarem de cantar, se o vento murchar cansado, então desenha o véu da escuridão sobre mim, assim como envolveste a terra com o manto de sono e com ternura fechaste as pétalas do lótus caído ao anoitecer. Do viajante, cujo saco de provisões está vazio antes do final da viagem, cuja roupa está rasgada e repleta de poeira, cuja força está exausta, remove a vergonha e a pobreza, reaviva a sua vida como uma flor sob o céu da tua suave noite . Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa   

Onde a Mente é Sem Medo

Onde a mente é sem medo e a cabeça alto se ergue Onde o conhecimento é livre Onde o mundo não foi dividido em fragmentos Por estreitos muros domésticos Onde as palavras saem da fundura da verdade Onde o esforço incansável estende os braços para  a perfeição Onde o fluxo claro da razão não se perdeu Na triste areia do deserto do hábito morto Onde a mente é levada adiante por ti Em pensamentos e acções cada vez maiores Nesse céu de liberdade, meu Pai, deixa  o meu país acordar.     Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa    

Ela

Ela que já havia permanecido nas profundezas do meu ser, no crepúsculo do brilho de olhares fugitivos; ela que nunca abriu os seus véus na luz da manhã, será a última oferenda para ti, meu Deus, repetida no canto final. Palavras cortejaram-na mas não conseguiram conquistá-la; a persuasão estendeu-lhe os seus ávidos braços em vão. Vaguei de país em país, mantendo-a no centro do meu coração, à sua volta cresceu e caiu a ascensão e o ocaso da minha vida. Sobre os meus pensamentos e acções, os meus sonos e sonhos, ela reinou mas morava à parte e sozinha. Muitos homens bateram à minha porta inquirindo por ela e  em desespero  partiram. Ninguém no mundo jamais a viu cara a cara, ao desejar ser lembrada sobreviveu em sua solidão. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series -  PoemHunter.Com The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa 

Passos Silenciosos

Não ouviste os seus passos silenciosos? Ele vem, vem, vem  sempre . Em todo o momento e toda a idade, todo o dia e toda a noite ele vem, vem, vem  sempre . Muitas das canções cantei com grande humor, mas todas as suas notas sempre proclamaram, "Ele vem, vem, vem  sempre ." Nos fragrantes dias do sol de Abril pelo caminho da floresta, ele vem, vem, vem  sempre . Na escuridão chuvosa das noites de Julho na carruagem trovejante de nuvens ele vem, vem, vem  sempre . De tristeza em tristeza, os seus passos pressionam o meu coração, e é o toque de ouro dos seus pés que faz brilhar a minha alegria. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series  -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa

Onde a Sombra persegue a Luz

Esta é a minha delícia  assim esperar e assistir à beira da estrada onde a sombra persegue a luz e a chuva vem com o despertar do verão. Mensageiros, com notícias de céus desconhecidos, saúdam-me e correm pela estrada. O meu coração está feliz por dentro, e é doce a respiração da brisa que passa. Da alba ao anoitecer, sento-me diante da minha porta, e de súbito sei que o momento feliz chegará quando eu souber. Entretanto sorrio e canto sozinho. Entretanto o ar enche-se do perfume da promessa. Rabindranath Tagore - 215 poems Classic Poetry Series  -  PoemHunter.Com  The World's Poetry Archive, 2012. Versão  Portuguesa  ©  Luísa Vinuesa