A Palavra do Silêncio


Um silêncio nu, impessoal, é agora a minha mente,
      Um mundo de visão clara, inimitável,
Um livro de silêncio assinado por uma Divindade,
      Elevação de puro pensamento, virgem de vontade.

Antes, nas suas páginas, a Ignorância poderia escrever
      Num esboço do intelecto o palpite cego do Tempo
E lançar brilhantes mensagens de luz efémera,
     Alimento de almas a vaguear na orla da natureza.

Mas agora eu escuto uma maior Palavra
     Nascida de um omnisciente Raio, mudo, invisível:
A voz que apenas o ouvido do Silêncio ouviu
     Ergue-se missionária da eterna glória do Dia.

E de ininterrupta paz infinita tudo se transforma
Em alegre tumulto num mar de vasta libertação.






Sonnets, 1930-1950, Colected Poems, 1ª edition 1972
Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo Ashram Publication Department
Versão adaptada a verso livre © Luísa Vinuesa

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