Alma, minha alma
Alma, minha alma, reapareces sobre a
margem da vida, -
Longe, longe dos sons queimados em céus
tranquilos,
Cruzas as claras linhas da mente
ilimitada, visionária, branca;
Os pensamentos descem como navios carregando
fardos de luz,
Vestes da Verdade feitas pelos Videntes
tecidas de fios do espírito,
A partir de vastos paraísos onde
luminosas pratas vestem de ouro
O tráfico da Sabedoria divina e das
mercadorias;
Mas não repouses, vai antes longe e mais
além
Onde a tua imóvel casa natural ampla e
calada
Aguarda o teu caminho; enfrentando num
trono a infinidade,
Pensamento nu, vazio do mundo, una com o
silêncio do ser.
Sózinha, auto-equilibrada e imóvel assim
verás abaixo
Hierarquias e domínios, divindades e potências,
titãs,
Demónios e homens cada um em seu
protagonismo cósmico;
No meio de tudo isso, no centro
solitário da rotação das forças,
O destino volvendo sob os teus pés as
rodas do Tempo,
A Lei Mundial saberás mapeada em seus
sublimes códigos,
Ainda que tu mesma possas invisível
perdurar, eterna, livre.
Poems in New Metres, Collected Poems, 1ª edition 1972
Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo Ashram Publication Department
Versão adaptada a verso livre © Luísa Vinuesa