No silêncio da meia-noite
No silêncio da meia-noite, à luz do
amanhecer ou do meio-dia
Ouvi as vibrações do Infinito, vi as
asas de sol dos serafins.
Na solidão ilimitada das montanhas, na
rotação sem fim do oceano
Algo se sente da vastidão de Deus, toques
flutuantes do Absoluto;
Momentânea e incomensurável a natureza sensível
sorriu livre de seus limites, -
Um breve vislumbre, uma sugestão, passa,
mas a alma torna-se mais funda, larga:
Deus colocou a sua marca sobre a
criatura.
No lâmpejo ou tremor do voo de pássaro e
insecto, na paixão do grito alado
nas copas das árvores;
Nas penas douradas da águia, na glória
da morena juba do leão,
Nos hierofantes sem voz da Natureza, com
o seu roteiro hierático de cor,
Orquídea, tulipa e narciso, rosa e
nenúfar e lótus,
Algo de eterna beleza captura a alma, os
nervos e as cordas do coração...
Poems in New Metres (Fragments), Collected Poems, 1ª edition 1972
Complete Works
of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo
Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo
Ashram Publication Department
Versão adaptada a
verso livre © Luísa Vinuesa