O Pássaro de Fogo


Asas de ouro branco voam na vastidão, o pássaro de fogo passou
                        lampejante sobre uma curva do sol à névoa do oeste,
        Planando, uma vela-mensageira, o verão de safira é o lixo de um
                        mar em chamas sem som e sem vento.
Agora, na véspera do mundo em declínio, a cor e o esplendor regressados
                       vagueiam num ar cintilante de azul de volta a meu peito,
        Chama e brilho manchando o êxtase branco da veste espumante das
                       Águas Eternas.

Asas de ouro branco da milagrosa ave de fogo, tarde e lento
                       assim vieste do Intemporal, Anjo, até mim aqui
        Trazer para a terra laboral um espírito calado e livre ou
                       A sua paixão carmesim de amor divino, -
Vaso de raio branco do espumante vinho rosáceo extraído das tinas
                       repletas de chamas de luz, as tinas de êxtase,
        Pisadas por súbitos e violentos pés do Dançarino no Tempo
                       desde o seu fruto de uva solar de uma videira imortal?

Altar de branca rosa no eterno Silêncio, faz agora da minha natureza
                       inteira um convidado íntimo da Sua solidão,
        Mesmo dourado acima dele o corpo do Uno em sua esfera diamantina
                       com o seu halo da estrela-flor e de raio-paixão!
Rico e vermelho é teu peito, ó pássaro, como o sangue de uma alma subindo
                       o difícil paladar do mundo, nu e ferido,
        Um rubi de amor flamejante no altar-vaso de prata e ouro
                       da noite ao luar e do dia que ascende.

Ó Chama que és a última dádiva do Tempo do sacrifício, oferenda-flor
                     nutrida pelos deuses finitos até ao Infinito,
        Ó pássaro maravilhoso com as asas ardentes de luz e as
                     pálpebras que olham além de todo o espaço,
Estranho salto do teu cansaço místico rompendo as barreiras da mente
                     e a vida, chegas até ao termo luminoso do teu voo;
        Invadindo o fim secreto do Silêncio e do fogo carmim,
                     os teus olhos frontais num Rosto intemporal. 






Poems in New MetresCollected Poems,  edition 1972
Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo Ashram Publication Department
Versão adaptada a verso livre © Luísa Vinuesa

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