Descida


Todas as minhas células vibram numa onda de esplendor,
Alma e corpo agitam-se em poderoso êxtase,
Luz e ainda mais luz como uma onda oceânica
                          Sobre mim, em meu redor.


Rígido, de pedra, fixo como uma colina ou estátua,
Vasto, o meu corpo sente e sustenta o peso do mundo;
Terrivel, a grande descida da Divindade penetra
                         Braços e pernas que são mortais.


Sem voz, o Infinito aglomerado amontoa-se em mim;
Pressiona para baixo uma glória de poder eterno;
Mente e coração crescem unos com a amplitude cósmica;
                         Mudos são os sussurros da terra.


Rapidamente, cruzando rapidamente os espaços dourados
O conhecimento salta, uma torrente de rápidos relâmpagos;
Pensamentos que abandonaram as mansões flamantes do Inefável,
                          Ardem em meu espírito.


Abranda o ritmo das batidas cardíacas como um martelo gigante;
Da porta de Deus, vozes missionárias vêm até mim com 
Palavras que vivem e não salvam sobre os cumes da Natureza,
                          As carruagens de êxtase.


Todo o mundo se transforma em singular unidade;
Almas eternas, forças infinitas, reunidas,
Unem-se na dança de Deus tecendo a Natureza inteira,
                          O ritmo do Imortal.


Mente, coração e corpo, uma harpa de ser,
Clamam esse hino, desvelando as notas eternas, -
Luz e poder, bem-aventurança e sabedoria imortal
                          Para sempre abraçam.







Poems in New MetresCollected Poems1ª edition 1972
Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo Ashram Publication Department
Versão adaptada a verso livre © Luísa Vinuesa

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