Vida


Milagre místico, filha do Deleite,
        Vida, êxtase,
Deixa que o raio do teu voo
        Seja eternidade.

Nas tuas asas, és a mais alta
        Glória e desdém,
Divindade e mortalidade,
        Êxtase e dor.

Leva-me no teu abraço selvagem
        Sem frágil reserva
O corpo erecto e rosto desvelado;
        Não desfaleças, Vida, não te apartes.

Toda a tua alegria eu exploraria,
        Toda a tua tirania.
Cruel como o rugido do leão,
Doce sejas como a Primavera.

Como um Titã eu tomar-te-ia,
        Como o prazer de um Deus,
Como um homem que luta e cria,
Alegre como um menino.

Nada mais de ti eu pediria,
        Nem o meu destino escolheria;
Rei ou conquistado, deixa-me ser,
        Viver ou ser perdido.

Mesmo em trapos eu sou um deus;
        Caído, eu sou divino;
Alto, eu triunfo quando sou pisado,
        Longo tempo vivo embora morto.






Short Poems, 1902-1930Collected Poems, 1ª edition 1972
Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo Ashram Publication Department
Versão adaptada a verso livre © Luísa Vinuesa

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