Caminhei ao lado das águas
Caminhei ao lado das águas de um mundo de luz
Numa crista dourada protegendo dois mares do alto raio da noite.
Um estava divinamente coberto por uma lua pálida e azul
E nadou com uma profunda e feliz e espiritual vertigem
Mais consciente do que a vigília da terra; o deleite amplo do outro
Foi impelido para a uma ardente orbe de um diamante branco.
Mas onde eu estava, juntaram-se numa esplêndida bruma
As luas milagrosas com o farol dourado de longa chama.
Eu não sabia qual das duas, a que era desperta ou a que dormia
Misturou os grandes fogos de diamante e as prenhes gotas pálidas,
Mas toda a minha amarga alma em expansão satisfeita fluía
Á volta de mim e tornou-se o mistério das suas marés.
Como alguém que encontra o seu próprio eu eterno, contente,
Tudo dispensando além do firmamento do espírito,
Não conhecia o Espaço, não mais ouvia os pés de Tempo,
Sem fim, cumprido, completo, ricamente em si perdido.
E assim podia ter permanecido para sempre. Mas veio
Uma invasão terrível envolta em nuvens abraçando chamas,
Através da lua-silhueta azul e branca dos meus magos mares
Um turbilhão repentino das imensas periferias
Da escuridão tocando cintilantes lustres; sombreando
Um medo sem nome, passou um Poder incalculável
Cujos pés eram a morte, cujas asas eram a imortalidade;
Sua mente em mudança era o tempo, a eternidade do coração.
Ali estavam todos os opostos, sem reconciliação, inquietos,
Lutando pela vitória, pela vitória não saciada.
Tudo isto cansa, mesmo o que lhe dá a eterna paz,
E secreto, velado, aguarda a libertação suprema.
Eu vi o espírito da Ignorância cósmica;
Senti o poder sitiar os meus campos gloriosos de êxtase.
Short
Poems, Fragments, Collected Poems, 1ª edition 1972
Complete Works
of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo
Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo
Ashram Publication Department
Versão adaptada a
verso livre © Luísa Vinuesa