Epifania
Majestoso, leve, imortalmente augusto,
No silêncio entronado, justa e injustamente
Um Senhor de profundo amor indescritível,
Eu vi-O, Shiva, como uma ninhada de pombas
Cerrou as asas sobre o ninho. Chegou o sem casta,
Os pecadores reuniram-se em torno da suave Chama,
Os demónios, pelos outros deuses mais severos
Rejeitados das suas residências luminosas,
Reunidos em torno do Refúgio dos perdidos,
Semi-sorrindo naquela selvagem e horrível horda.
Todos os que eram refugiados, pobres, não amados,
Os maus e os bons juntos voltaram-se
Naturalmente para Ele, o asilo doce,
E encontraram o céu aos pés do Mestre.
A visão mudou e no Seu lugar estava
Um Terror vermelho como um raio ou sangue;
Da Sua feroz mão direita um dardo avançou
E, enquanto o agitava, um terremoto dançou
Através do hemisfério, a ruína e praga
Choveu dos céus, desastres céleres e vagas
Ameaças, uma multidão de males em marcha.
O Seu pé avançou para oprimir as colinas,
E perante a visão de Seus ardentes olhos
Os corações dos homens fraquejaram com o medo
terrível
Do pecado e castigo; o seu grito era alto,
"Ó Mestre do vento da tempestade e da nuvem,
Poupa-nos, Rudra, poupa-nos. Mostra-nos esse outra
forma
Auspiciosa, não encarnada em ira e tempestade ".
O Deus da Cólera, o Deus do Amor são um,
Não ama menos quando mais fere. Sózinho,
Ergue-se acima do medo e brinca com a dor,
A derrota e a morte, herda o alívio total
Da cegueira e contempla a única Forma,
O Amor que mascara o Terror, a Paz que apoia a
tormenta.
O Amigo do Homem ajuda-o na Vida e na Morte,
Até que ele saiba. Então livre do fôlego mortal
Sente a alegria do jogo imortal;
Apaga a tristeza, a dor, o rancor e o medo.
Cresce como Rudra feroz, augusto e terrível,
E Shiva, o doce realizador do desejo.
Short
Poems, 1902-1930, Collected Poems, 1ª edition 1972
Complete Works
of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo
Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo
Ashram Publication Department
Versão adaptada a
verso livre © Luísa Vinuesa