Desde que vi o teu rosto
Desde que vi o teu rosto à janela, doce
Amor, lançaste um feitiço em meu
coração, em meus pés.
Meu coração em teu rosto, meus pés para
a tua janela ainda
Me levam à força como se fosse por uma
estranha vontade.
Ó bruxa de beleza, ó Circe de inocentes olhos,
Prendeste-me rápido e súbito numa teia
de sentimentos.
Olho para a luz do sol, vejo rindo o teu
rosto;
Quando compro uma flor, és tu em sua
graça radiante.
Tentei salvar viva a minha alma da tua
armadilha,
Não mais tentarei; deixa-a agitar-se e
aí perecer.
Prenderei o teu corpo vivo também, ó
minha pomba,
E ensinar-te-ei toda a tortura e doçura
do amor.
Quando olhaste para fora da janela, para
a cidade trémula,
Pensaste em roubar-me o coração e
pagar-me com piedade?
Mas olhaste para alguém que já zombou do
pecado
E jogou com a vida para a ganhar toda ou
perder.
Vou arrancar-te como um pássaro
esvoaçante do seu ninho.
Deves mentir sobre os joelhos fortes do
Amor, em seu branco peito,
Com medo, com as pálpebras deliciadas
que não se fecharão.
Deverás crescer branca um momento, o próximo
uma rosa. Short Poems, 1890-1900, Collected Poems, 1ª edition 1972
© Sri Aurobindo
Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo
Ashram Publication Department
Versão adaptada a
verso livre © Luísa Vinuesa