Musa Spiritus


Ó palavra escondida no fogo mais alto,
     Tu, a que tens demorado através dos séculos,
Desce do teu desejo branco extasiado
     Mergulhando através das eternidades de ouro.

Nos golfos da nossa natureza,
     Voz dos espaços, apelo da Luz!
Quebra os selos do sono da Matéria,
     Quebra o transe da altura invisível.

No incerto brilho da mente humana,
     O desperdício de pensamentos desalinhados,
Esculpe a tua épica linha de montanha
     Plena de cavernas fundas e proféticas.

Deixa as tuas líricas voarem com asas como pássaros
     Sobre o turbilhão do mar do coração.
Faz que veja com as tuas palavras de fogo
     A divindade que dentro cega habita.

Ó Musa do Silêncio, constrói a vastidão
     Na quietude desabitada que ouve a tua voz,
Em amplos céus mudos do espírito desperto
     Onde as tuas águias do Poder ardem e exultam.

Fora, fora com a mente e suas luzes de vela,
     Luz, ilumina os sóis que nunca morrem.
Para o meu ouvido o clamor das estrelas serafins
     E as formas dos Deuses a meu olho nu!

Deixa que o pequeno deus da vida agitada dentro
     Molde os seus véus a partir da alma ainda,
A suas listras de tigre de virtude e de pecado,
     O seu clamor e beleza e dor e lamento;

Tranquilo tudo faz, tudo constrói livre.
     Deixa o meu ritmo cardíaco medir os passos de Deus
Tal como Ele vem do Seu intemporal infinito
     Em seu êxtase construir ardendo a Sua morada.

Tece na minha vida o Seu poema dos dias,
     Pura amanhece a Sua calma e de força o meio-dia.
Meus actos para os sulcos da Sua carruagem,
     Meus pensamentos para o Seu longo curso de corcéis!






Poems in New MetresCollected Poems, 1ª edition 1972
Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo Ashram Publication Department
Versão adaptada a verso livre © Luísa Vinuesa

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