O Símbolo da Lua


Subiste uma vez mais, Ó lua, como um fogo branco sobre a margem brilhante,
        Flutuando, flutuando da margem assombrada de um espumoso e trémulo mar,
Com cornos místicos atravessando em tons apáticos de cinza as noites e os dias,
       Navios com espíritos de prata desde os portos da eternidade.

Humildemente alegre, estremecendo, o ar está cheio da tua taça de vinho misterioso
e pálido:
       O brilho treme para o brilho da saudade; e as tochas das fadas iluminadas
pelos mistérios
da Noite, afirmam-se em seus nichos profundos e austeros;
Os golfos inconscientes agitam-se vagamente emocionados, enquanto as suas vozes
 naudíveis gritam a Maravilha da luz da nova visão
       Até que o seu raio descendo liberte com uma vara de fogo os mudos
recessos do sono.

Lá em cima com a tua proa balançando és o mais rápido, Ó navio dos deuses,
       Glorificando as nuvens com a tua auréola, excepto os nossos corações
com um êxtase 
de rosa vermelha  que verteu dos secretos seios do amor;
Quase pareces a benção que flutua no ar opalino sobre as estradas douradas do céu,
       Encarnado para capturar as nossas vidas humanas como uma face de néctar
da luz no incerto azul acima.

Brilhante e solitário num delicado oceano de céu azul salpicado de espuma branca
       Flutuaste e voaste como uma taça mágica navegando sempre à deriva
Pela mão de um deus bêbado para o rio do Tempo,
       Ó ícone e cálice da luz espiritual cujos sinais são como a sombra da Natureza,
máculas numa alma branca e imaculada.

Como alguém frágil e caçado vens, Ó lua branca, apelo solitário desde
as tuas secretas alturas,
       Viajante transportando através do arquipélago de miríades de ilhas 
a lança que apontou questionando as estrelas,
O círculo de prata do oculto Sim Invisível à obscura questão do
anseio das luzes testemunhas,
       Que arde na densa abóbada da mente desperta da Matéria - inumerável,
solitário e esparso.

Um disco de um Raio maior que virá, um êxtase de fogo branco e uma rosa
cercada de amor,
       Sem tempo à deriva, o barco argênteo que partiu do longínquo desconhecido,
Cristal da lua prateada ou ouro de alguma alegria espiritual rodada pelo Tempo 
em seu denso ritmo aeónico,
       Um mensageiro e portador de uma beleza sem corpo e despercebida felicidade 
avançando sobre o mar sombrio da nossa vida - expressivo, brilhante e solitário.






Poems in New MetresCollected Poems, 1ª edition 1972
Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo Ashram Publication Department
Versão adaptada a verso livre © Luísa Vinuesa

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