Renascimento
Nem cedo é o prazer de Deus em nós
realizado,
Nem
com uma só vida terminamos;
Sem fim estão nossos espíritos em nós
sentados,
Assim
a alegria sem termo o pretende.
Nossas almas e o céu são de igual
estatura
E
têm um nascimento sem data;
A semente interminável, o infinito molde da Natureza,
Não
foram concebidos na terra,
Nem à terra entregam as suas cinzas,
Mas
perduram em si mesmos.
Um futuro sem fim transborda em teus
cílios,
Criança
de um passado inesgotável.
Velhas memórias visitam-nos, velhos
sonhos invadem-nos,
Seres ausentes que conhecemos,
Ficções e imagens; os seus contornos
evitam-nos,
Sózinhos,
destacam-se.
O que sonhamos e esperamos são
memórias amadas,
São
previsões que erramos,
De que vida ou lugar apenas pode falar
Aquele que mediu os céus sem limite.
O tempo é um forte convénio; futuro e
presente
No
passado viviam;
São uma imagem que as nossas amáveis vontades
Em
três esquemas fundiram.
O passado esquecido viaja conosco imortal,
Cada nascimento e o tardio final
Já realizado. Para um cume sem fôlego
Às
vezes as nossas almas ascendem,
Daí regressa a mente ajudada; pois surge
O
vasto oceano do Tempo:
Diante de nós expande as ondas sem
fim,
As sinfonias sublimes;
E mesmo deste véu da mente o espírito
Presta atenção às vezes e vê
Eras do passado que nossas vidas herdam,
Os séculos ainda por nascer:
Vê reinos destruídos por ondas
o Oceano expulsarem, -
Das
profundidades as vagas destroem
Onde agora é o Himalaia, o imenso fluxo de dilúvio
Vê medindo metade do mundo;
Ou então atrás de nós a teia é
deslindada
E
fixamente em seus fios olhamos,
Sinais remotos de estrelas, lugares há
muito trilhados
Em longínquos dias do Tempo.
Short Poems, 1890-1900, Collected
Poems, 1ª edition 1972
Complete Works of Sri Aurobindo, Volume 5
© Sri Aurobindo Ashram Trust 1972, Pondicherry
Sri Aurobindo Ashram Publication Department
Versão adaptada a verso livre © Luísa
Vinuesa