Krishnakali

Na aldeia, chamam-lhe a menina negra
mas para mim ela é a flor Krishnakali.
Num dia enevoado no campo,
vi os olhos escuros de gazela da menina negra.
Ela não tinha a cabeça coberta,
o cabelo solto tombara sobre as costas.

Escura? Por mais escura que seja,
vi os seus olhos escuros de gazela.

Duas vacas pretas estavam descendo,
quando escureceu sob as nuvens pesadas.
Logo com passos apressados e ansiosos,
a menina negra saíu da cabana.
Erguendo as sobrancelhas para o céu,
Ouviu no instante o estrondo das nuvens.

Escura? Por mais escura que seja,
vi os seus os olhos escuros de gazela.

Uma rajada de vento leste
ondulou as plantas de arroz.
Estava em pé perto de uma colina,
sozinho no campo.
Se ela olhou ou não para mim 
É sabido apenas de nós dois.

Escura? Por mais escura que seja,
vi os seus olhos escuros de gazela.

É assim que a nuvem Kohldark
nasce no nordeste de Jaistha;
a suave sombra escura
desce no bosque de Tamal em Asharh;
e um súbito deleite inunda o coração
na noite de Sravan.

Escura? Por mais escura que seja,
vi os seus olhos escuros de gazela.

Para mim, ela é a flor Krishnakali,
não importa como outros lhe chamem.
Num campo da aldeia de Maynapara,
vi os olhos escuros de gazela da menina negra.
Ela não cobriu a cabeça,
sem tempo para sentir vergonha.

Escura? Por mais escura que seja,
vi os seus olhos escuros de gazela.




Rabindranath Tagore - 215 poems
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com 
The World's Poetry Archive, 2012.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

Outros poemas

A Deusa de Pedra

A Mãe de Deus

Shiva

Noite junto ao mar

Deus

A Dança Cósmica

Nirvana

Noiva do Fogo

Os Ditadores de Ferro

A Encarnação Universal