Nuvens e Ondas
Mãe, a gente que vive nas nuvens chama-me alto:
"Jogamos a partir do momento em que acordamos até o dia terminar.
Brincamos com o amanhecer dourado, brincamos com a lua prateada."
Pergunto: "Mas como vou chegar até vós?"
Respondem: "Vem para a extremidade da terra, ergue as tuas
mãos para o céu, e serás adoptado pelas nuvens."
"A minha mãe espera-me em casa", digo, "como posso abandoná-la
e partir? "
Então sorriem e para longe flutuam.
Mas conheço um jogo melhor que esse, mãe.
Serei a nuvem e tu serás a lua.
Vou cobrir-te com as minhas mãos, e o cume da nossa casa
será o céu azul.
A gente que vive nas ondas chama-me alto -
"Cantamos de manhã até a noite; sem parar viajamos, não sabemos
por onde avançamos."
Pergunto: "Mas como vou poder juntar-me a vós?"
Respondem: "Vem até à margem da praia e permanece
com os teus olhos fechados, e serás levado pelas ondas."
Digo: "A minha mãe quer-me sempre para tudo em casa,
como posso deixá-la e ir embora?"
Então sorriem, dançam e passam.
Mas conheço um jogo melhor que esse, mãe.
Serei as ondas e tu serás uma estranha praia.
Vou rolar sem parar, e no teu colo rebentar de riso.
E ninguém no mundo saberá onde estamos. Rabindranath Tagore - 215 poems
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com
The World's Poetry Archive, 2012.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa