O Anjo Criança

Eles clamam e lutam, duvidam e desesperam, ignoram que haja fim
para a sua disputa.
      Deixa a tua vida correr entre eles como uma chama de luz, meu
filho, inabalável e pura, e encanta-os com o silêncio.
Eles são cruéis em sua ganância e inveja, as suas palavras são como
facas escondidas sedentas de sangue.
      Vai e fica entre os seus corações sombrios, meu filho, e deixa
cair sobre eles os teus olhos gentis como a paz que perdoa o conflito
entre a noite e o dia.
      Deixa-os ver o teu rosto, meu filho, e assim saber o significado
de todas as coisas; que eles te amem e, assim se amem.
      Vem e senta-te no seio do ilimitado, meu filho. Ao nascer do sol,
abre e ergue o teu coração como uma flor
que desponta, e ao crepúsculo inclina a cabeça, e em silêncio encerra
a adoração do dia.




Rabindranath Tagore - 215 poems
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com 
The World's Poetry Archive, 2012.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa  

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