O Pássaro Doméstico

O pássaro doméstico estava numa gaiola, o pássaro livre estava na floresta.
Conheceram-se quando chegou a hora, era um decreto do destino.
O pássaro livre grita, "Ó meu amor, vamos voar para a floresta".
O pássaro da gaiola sussurra, "Vem para aqui, vamos viver na gaiola".
Diz o pássaro livre, "Entre as grades, onde há espaço para abrir as asas?"
"Ai", grita o pássaro enjaulado, "não saberia onde me sentar empoleirado no céu."

O pássaro livre grita, "Minha querida, canta as canções das florestas."
O pássaro da gaiola canta, "Senta-te ao meu lado, vou ensinar-te a linguagem dos cultos."
O pássaro da floresta grita, "Não, ah não! as canções nunca podem ser ensinadas.
O pássaro da gaiola diz, "Infelizmente para mim, desconheço as canções das florestas."

Tão intenso é o amor como o desejo, mas nunca poderão voar asa a asa.
Olham através das grades da gaiola, e vão é o seu desejo de se conhecerem.
Batem ansiosamente as asas e cantam, "Aproxima-te, meu amor!"
O pássaro livre grita, "Não pode ser, temo as portas fechadas da gaiola".
O pássaro da gaiola sussurra, "Ai, as minhas asas estão fracas e mortas".




Rabindranath Tagore - 215 poems
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com 
The World's Poetry Archive, 2012.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa   

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